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segunda-feira, 25 de junho de 2012
O ADVOGADO MAIS CARO DO BRASIL E UM BANDIDO BARATO AMEAÇAM O ESTADO DE DIREITO.
Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Executivo com a
compra de governadores. Prosseguiu a ofensiva com a contratação de
Márcio Thomaz Bastos, um advogado disposto a tudo para livrar de
castigos o chefe da quadrilha desbaratada pela Polícia Federal que vivia
elogiando nos tempos de ministro da Justiça do governo Lula. E
completou o serviço quando o Planalto ordenou à maioria governista que
transformasse a CPI batizada com o apelido do delinquente goiano em mais
um monumento à impunidade. Carlinhos Cachoeira começou a captura do
Poder Legislativo com o arrendamento de parlamentares, entre os quais o
senador Demóstenes Torres ─ hoje reduzido a uma caricatura carnavalesca
do personagem de ficção que funde Dr. Jekyll e Mr. Hyde. A ofensiva
prosseguiu na CPI, com a debochada performance produzida e dirigida pelo
doutor em truques de tribunal. E será consumada com o naufrágio
anunciado de uma comissão de inquérito administrada por cúmplices dos
investigados. Carlinhos Cachoeira começou a captura do Poder Judiciário
com o aluguel de comparsas disfarçados de juízes. A ofensiva prosseguiu
com a mobilização de desembargadores decididos a condenar os xerifes,
libertar os bandidos e enterrar no mausoléu dos absurdos jurídicos o
colosso de provas colhidas pelos detetives. As ameaças de morte que
afastaram do caso o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável
pela prisão do comandante da quadrilha e seus generais, informam que
Cachoeira está pronto para completar a desmoralização da Justiça. “Não é
o juiz quem tem de se afastar em nome de sua segurança, mas o Estado
que precisa lhe garantir a vida, prender os autores das ameaças e
assegurar condições para o desbaratamento dessa máfia”, adverte a
jornalista Dora Kramer no artigo reproduzido na seção Feira Livre.
“Qualquer coisa diferente disso equivale a transferir aos bandidos um
poder de decisão que não lhes pertence e pôr de antemão o juiz (ou
juíza) substituto sob suspeita ou risco de morte”. A operação concebida
por Cachoeira (e aperfeiçoada por um ex-ministro da Justiça) para a
captura dos três Poderes tem de ser neutralizada já. Ou as instituições
cumprem seu dever sem delongas ou formalizam publicamente a rendição
vergonhosa. Nada justifica a libertação prematura dos quadrilheiros. Não
se pode conceder o direito de ir e vir a quem pretende usá-lo para
obstruir investigações, destruir provas, silenciar testemunhas, submeter
desembargadores e intimidar magistrados. Os integrantes da organização
criminosa têm de aguardar engaiolados a merecidíssima condenação a
longas temporadas na cadeia. Se ocorrer o contrário, como constata o
comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o Estado Democrático de
Direito terá sido algemado pela parceria que juntou o advogado mais caro
do Brasil e um bandido barato, mas com dinheiro de sobra para pagar o
que for preciso para continuar em ação. Os R$ 15 milhões que estimulam a
inventividade de Márcio Thomaz Bastos, por exemplo. Ou propinas que
amansam figurões do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
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