sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como criar minhocas

Minhoca

Criação do bicho pode ser rentável até em pequenas áreas. O húmus produzido é muito usado por floricultores, jardineiros e paisagistas

Texto João Mathias
Consultora: Maria Isabel Levit*


Se não fossem tão benéficas à natureza, as minhocas certamente seriam consideradas pragas. A cada dois meses, elas têm a população duplicada, um vantajoso atributo para os criadores desses anelídeos. Mas os predicados não param por aí: as minhocas melhoram a qualidade do solo, servem de alimentação para outros animais e têm boa demanda no mercado.
Miúdas e longas, as minhocas penetram na terra e, com seus movimentos, revolvem, arejam e descompactam o terreno, o que evita encharcamentos e diminui a ocorrência de erosões.
Ao mesmo tempo, em seu processo digestivo, eliminam restos em decomposição e "limpam" a terra, devolvendo ao meio ambiente um adubo natural. Trata-se do húmus, matéria orgânica rica em nutrientes, com muito nitrogênio, cálcio, magnésio, fósforo, potássio e extensa flora bacteriana, ótimo para o desenvolvimento de hortaliças em geral e fruteiras, entre outras culturas. O produto tem lugar garantido entre floricultores, horticultores, jardineiros e paisagistas.
Minhocário: acima do nível do solo e em área plana, mas inclinado para evitar acúmulo de água
Ricas em proteínas, as minhocas são uma boa opção de alimento para animais. É um dos pratos prediletos de criações de aves, rãs e peixes. Servem ainda para a fabricação de farinha e podem ser usadas como isca viva na pesca esportiva. Outro papel importante das minhocas é na eliminação de lixo orgânico. Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem condomínios que adotam o uso de minhocários em áreas comuns para o aproveitamento de resíduos orgânicos descartados.
Os diversificados canais de venda fazem da minhocultura um meio de o criador incrementar a renda no fim do mês. A necessidade de pouco investimento inicial e os baixos custos com manutenção da infra-estrutura também contribuem para a conquista de um negócio rentável. A atividade não exige mão-de-obra especializada nem tratamento veterinário.
As minhocas não possuem olhos, dentes ou ossos, mas têm capacidade de regenerar uma nova cauda. Pelo mundo são encontradas milhares de espécies. Aqui, são nativas a minhoca brava (Pheretyma hawayana), a mansa (Lumbricus terrestris) e o minhocuçu (Rhinodrilus alatus). Entre as estrangeiras, as populares são vermelha-da-califórnia ou vermelha-híbrida (Eisenia phoetida), gigante africana (Eudrilus eugeniae) e também a européia (Lumbricus rubelus).
Raio X
Criação mínima: quatro litros de minhocas
Custo: 100 reais (para criação mínima)
Investimento inicial: Mil reais
Retorno: um ano e seis meses
Reprodução: criação pode dobrar a cada 60 dias
Mãos à obra
Início - comece com poucas minhocas. Coloque quatro litros em um canteiro de dois metros quadrados. Os minhocultores brasileiros preferem a vermelha-da-califórnia para a produção de húmus, pois é produtiva e fácil de lidar.
Expansão - para produções maiores, opte por um canteiro de 20 x 1 metro, com 30 centímetros de profundidade. Deposite seis metros cúbicos de esterco curtido. Se bem conduzida, a atividade pode alcançar em dois meses quatro toneladas de húmus, o equivalente a 100 sacos de 40 quilos.
Ambiente - o minhocário deve ser mantido limpo, o que evita a aproximação de predadores. Palha seca por cima inibe a ação de passarinhos. Livre-se de grama ao redor do canteiro, para não haver contaminação com sementes. Não deixe exceder o número de minhocas no local, pois elas não gostam de variações de umidade e temperatura, tampouco de locais muito quentes.
Estrutura - instale o minhocário acima do nível do solo e em área plana, mas com leve inclinação para evitar o acúmulo de água. Feitas de alvenaria ou madeira, as paredes devem contar com drenos para escoar o excesso de umidade. Proteja o local da chuva com telas plásticas apoiadas em suportes de arame, bambu ou madeira.
Alimentação - as minhocas se alimentam de esterco e restos vegetais, como gramas, frutas, folhas secas, papéis e matérias orgânicas em decomposição. Junte tudo para fazer uma compostagem. Faça um monte de 1,5 metro de altura, em local seco e arejado. Deixe descansar por uma semana e revire o material para aumentar o arejamento. Repita o procedimento, mas apenas com uma virada, até que o resfriamento da compostagem. Leve a massa para o canteiro somente quando, ao apertar um punhado, ela não pingar água.
Reprodução - apesar de possuírem os dois sexos, as minhocas não se auto-fecundam. É necessário o acasalamento com outra minhoca, o que pode ocorrer o ano todo. Fecundados e no interior de um casulo, os óvulos são expelidos na terra. Em cerca de 21 dias eles eclodem, e cada um origina algumas minhoquinhas.
Coleta - o método de armadilhas é uma das técnicas para se recolher o húmus produzido. Encha sacos de aniagem com esterco curtido e úmido, estendendo-os so bre o canteiro para atrair as minhocas. Após capturar a maior parte delas, transfira-as para um outro canteiro já preparado com esterco.

* Maria Isabel Levit é minhocultora e consultora da Associação de Agricultura Orgânica, Rua Paulistânia, 46, ap. 101-C, 05440-000, São Paulo, SP, (11) 3641-4256 e 7679-7670, isamariaisa@yahoo.com.br
Onde adquirir: Maria Isabel Levit, (11) 3641-4256; Associação Manacás, (11) 4661-8172; Minhobox, (32)
Operárias do adubo
Edição 230 - Dez/04

Criar minhocas para a produção de húmus é um negócio simples e lucrativo. Essa é a aposta de um número cada vez maior de produtores, desde criadores de gado (que já contam com a principal matéria-prima, o esterco, alimento das minhocas) até pequenos agricultores e sitiantes de final de semana. O húmus, ou vermicomposto, é o excremento das minhocas, um fertilizante orgânico de ótima qualidade, também utilizado como corretivo, permeabilizador e estruturador do solo em jardins, hortas e pomares. Ajuda a diminuir a densidade do solo, aumenta a retenção de água e a quantidade de nutrientes livres. Além disso, jardins e hortas cuidados com húmus são mais resistentes a pragas. A produção do húmus dispensa mão-de-obra especializada, não exige grandes espaços requer baixo investimento. É recomendável que o novo produtor inicie a criação aos poucos, para adquirir experiência e conhecer a demanda da sua região.
A criação pode ser iniciada até mesmo em caixas de madeira ou no quintal, com esterco compostado comprado pronto.
Para fazer a compostagem do esterco na propriedade, uma área de seis a nove metros quadrados é suficiente. Não é necessário fazer qualquer tipo de construção ou cobertura, a única exigência é que o solo seja nivelado. Nesse local, o esterco é misturado com palha, restos de vegetais e frutas, sabugos de milho, caule de bananeira, e arrumado em montes de até 1,5 metro de altura. A mistura permanece no local por 30 dias e deve ser revirada pelo menos uma vez por semana.
Compostagem requer área de até nove metros quadrados; ideal são canteiros de dez metros de comprimento por um de largura, com umidade controlada
Enquanto o esterco estiver curtindo, os canteiros podem ser preparados. O ideal é construir dois canteiros de dez metros de comprimento por um metro de largura e 30 centímetros de altura acima do nível do solo. As paredes podem ser feitas de madeira ou bambu, mas é preferível que sejam de tijolos, para facilitar o manejo do minhocário.
O local para a criação deve ser ensolarado, pois umidade excessiva e sombra favorecem o aparecimento de planárias e sanguessugas, predadores das minhocas. No início da produção coloque o esterco curtido em apenas um dos canteiros, deixando o outro pronto para receber as minhocas, assim que elas terminarem a primeira produção de húmus. A quantidade ideal de minhocas é dois litros por metro quadrado. Portanto, para este canteiro, 20 litros são suficientes. Com essa quantidade, o rendimento mensal de húmus pode chegar a uma tonelada. Procure adquirir as minhocas apenas de fornecedores de confiança. As melhores são aquelas conhecidas como vermelhas da califórnia (Eisenia phoetida), que custam em média 25 reais o litro. Galinhas e outras aves devem ser mantidas longe dos canteiros.
Formigas e saúvas podem ser afastadas com a utilização de borra de café e folhas de gergelim ou de mamona picadas. Para manter a umidade e proteger os canteiros do ataque de pássaros, recomenda-se cobri-los com palha seca, folhas de bananeira ou capim.
Cobertura precisa ser retirada
As minhocas levam de 45 a 60 dias para transformar o esterco em húmus. Nesse período, a umidade do canteiro deve permanecer em torno de 30%. Para conferir, aperte com a mão um punhado do esterco. Se pingar, é sinal de que há excesso de umidade.
Húmus é peneirado para separar restos de palha
Quando o esterco acabar, a cobertura deve ser retirada. O húmus tem aspecto de borra de café. Para separá-lo das minhocas, existem vários processos. A "armadilha do saco" é um dos mais eficientes. Coloca-se por cima dos canteiros dez ou mais sacos de aniagem com esterco compostado. Os sacos precisam estar abertos e deitados. Como as minhocas já estão sem alimento, elas entrarão nos sacos à procura do esterco. Em cinco a sete dias, os sacos ficam cheios de minhocas e aí é só transferi-las para o outro canteiro, já preparado com esterco curtido. O húmus é então peneirado, para retirar as minhocas que sobraram, assim como os restos de palha e torrões secos.
Além de abastecer hortas, pomares e jardins da propriedade, o húmus pode ser vendido para agricultores, paisagistas, jardineiros, edifícios e floriculturas. O preço de um saco de 25 quilos de húmus é de aproximadamente 12 reais. Depois que o minhocário estiver implantado, o excedente de minhocas pode ser vendido para pesqueiros ou também ser usado para alimentação de aves e rãs. O húmus não tem prazo de validade mas deve ser protegido do vento e da chuva para não perder os nutrientes.

CONSULTOR: MARIA ISABEL LEVIT, FÍSICA, consultora da Associação de Agricultura Orgânica e Minhocultora, rua Paulistânia, 46, apto. 101-C, CEP 05440-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3641-4256, isamariaisa@yahoo.com.br
MAIS INFORMAÇÕES:
Associação de Agricultura Orgânica (AAO), av. Francisco Matarazzo, 455, Parque da Água Branca, São Paulo, SP,
tel.: (11) 3875-2625
Entreposto de Húmus Isa, rua Rumaica, 126, Lapa, São Paulo, SP, tel.: (11) 3641-4256
Minhocário da Noemi, tel.: (11) 9907-1933


3211-4122.

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